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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 669-1

669-1

DETECÇÃO DE UMA LINHAGEM GENÉTICA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS MUTIRRESISTENTES A ANTIBIÓTICOS E COM PREDOMÍNIO EM INFECÇÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA EM SANTA CATARINA (SC), BRASIL

Autores:
Matheus Luis Duarte (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; Nathalya Torres Córdova (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; Matheus de Assis Côrtes Esteves (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Agnes Marie Sá Figueiredo (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Fabienne Antunes Ferreira (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)

Resumo:
Staphylococcus aureus são bactérias integrantes da microbiota humana, mas o comprometimento da barreira cutânea pode tornar S. aureus agentes etiológicos de manifestações clínicas, como infecções de pele e tecidos moles e infecções de corrente sanguínea. O tratamento é desafiador, pelo surgimento de cepas resistentes, como MRSA (Staphylococcus aureus resistentes à meticilina), que carreiam o gene de resistência mecA no cassete cromossômico bacteriano estafilocócico mec (SCCmec), conferindo resistência a praticamente todos os antibióticos beta-lactâmicos. Linhagens genéticas de MRSA podem ser comumente definidas por tipagem SCCmec e MLST (Multilocus Sequence Typing). No Rio de Janeiro, um clone pertencente à linhagem CC5-ST105-SCCmecII foi identificado e denominado clone Rio de Janeiro (RdJ). Este clone apresenta uma associação positiva com infecções de corrente sanguínea, e maior potencial para evadir resposta imunológica, quando comparado a outros clones de MRSA. A prevalência desta linhagem no estado de Santa Catarina (SC) é desconhecida. Entretanto, estudos prévios indicam que cerca de 30% da coleção de cepas clínicas de MRSA, pertencentes ao nosso grupo de pesquisa e isolada em Santa Catarina, é proveniente de sangue. Dessa coleção, 56% carreiam o SCCmecII, sugerindo a presença do clone RdJ. A hipótese é de que este clone esteja presente nas amostras de MRSA da região, sendo um dos genótipos bacterianos mais frequentes em SC. Para a confirmação da presença da linhagem CC5-ST105-SCCmecII em SC, foi utilizado um protocolo de PCR (Polymerase Chain Reaction) multiplex específico, desenvolvido anteriormente pelo grupo de pesquisa do Rio de Janeiro. Até o momento, entre toda a coleção (55 isolados), foram testadas 10 isolados de MRSA carreando SCCmecII, sendo sete identificados como clone RdJ. A presença e a disseminação deste clone entre pacientes de SC é um problema de saúde pública, uma vez que coloca indivíduos sobre risco de desenvolverem uma infecção grave, como infecção de corrente sanguínea. Adicionalmente, estas amostras são multirresistentes a antibióticos, e evidências apontam que este clone tem habilidade para evadir resposta imunológica do paciente, contribuindo para o aumento da gravidade das infecções, e dificultando o tratamento. Assim, o estudo contribui para o delineamento de estratégias de prevenção e controle da disseminação deste clone, sendo também um ponto de partida para novas pesquisas a respeito da biologia do clone RdJ na região.

Palavras-chave:
 clone RdJ, MRSA, resistência antimicrobiana, Staphylococcus aureus, tipagem molecular


Agência de fomento:
CNPq